Afinal de contas, quem cria?
Já fui um pouco de várias. Senti um tanto de muito. Fiz tudo e nada.
Entre o exagero e a necessidade do silêncio, me obriguei a (des)criar a artista que vive em um corpo que insiste permanecer recluso.
Em meio ao furação da aparição, do eu, do perfeito e da completa exibição do intimo, me vejo aprisionada na constante exigência de provar que tenho carne, osso e sangue.
Na mesma proporção que desfruto (rindo) aliviada pela oportunidade de criar novos rostos, ou a falta deles, através de palavras soltas digitadas em caixas programadas para se aproximar - ou ultrapassar - da tradução mental humana, através da representação imagética ilusória e cada dia mais compulsória.
Meu nome, que não é meu, criei pela exigência da dominância individual de um determinado espaço. Um nome que veio de um lugar de afeto e permanência das minhas raízes, assim como, em uma busca da certeza que encontrei a conexão que faltava.
O reconhecimento muitas vezes se entrelaça erroneamente a egolatria e avalia o trabalho apenas quando associado a um rosto. E corpo, a depender do gênero, onde minha poesia precisa ter cara bonita para ganhar curtidas.
Mas insisto. Insisto em cravar minha verdade através da arte e somente nela.
E apenas aqueles que ultrapassam a superfície recebem a minha confiança em forma de revelação.
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