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myzamatteo

Meus pés cansados

Caminham, caminham e dançam. Ardendo sem parar.

Finco aqui a história que embalou meu ser e de tantas outras


Minha luz nasce de vozes que gritaram abafadas


Meu caminho é áspero, longo, sufocante, mas eu insisto no que acreditam que me tiraram


Meus pés cansados caminham e caminham. E dançam


Ardendo sem parar


Banhada pelo suor de outras. Das julgadas pequenas.


Gigantes ao meu olhar


Passo por Deuses vazios, palavras soltas e ações medonhas


Sou enclausurada sem grades. Mergulhada em espaços ocupados


Embrenhando-me no obscuro, almejo inutilmente o fulgor


Aquele que o tempo prometeu. Jurou chegar e ficar


E meus pés cansados caminham e caminham. E dançam


Ardendo sem parar


Eu queimo, porque me queimaram. Desejaram minhas cinzas


Escalo as paredes em busca da fresta que me fará respirar


Eu imploro


Finda essa inércia, e acalma esse aperto


Que consome o encanto


Assim como a tormenta no mar conduzida pela maré


A água escorre vencida e salgada


Condenaram minha inocência, impuseram uma única verdade


E atrás do todo se esconderam


Meus pés cansados caminham e caminham. E dançam


Ardendo sem parar


Invadiram meu corpo. Quebraram em mil pedaços


Mas eu colo. Eu monto. Eu encaixo


Uma, duas, três vezes. Quantas vezes ainda?


O caminho torto apagou a chama


Afoita pela nova aurora, que culmina o tempo de glória


Do canto mais roco e liso da multidão


Clama por um fim


Meus pés cansados caminham e caminham. E dançam


Ardendo sem parar



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